-Organelas membranosas com função principal de síntese de ATP;
-Tamanho de aproximadamente 0,5-1um de diâmetro;
-Normalmente apresentam forma cilíndrica, lembrando uma bactéria,
porém podem mudar de forma constantemente.
-As mitocôndrias são encontradas em todas as células eucariontes,
variando segundo o tipo celular (nos hepatócitos pode-se encontrar de
1000 a 2000 mitocôndrias);
-Elas se localizam sempre próximas ao local de maior gasto energético.
Estruturas:
membrana externa lisa e permeável: proteínas transmembranas chamadas porinas,
por onde passam facilmente íons e pequenas moléculas;
membrana interna (com cristas): muito impermeável devido à presença de
cardiolipina (fosfolipídeo com 4 cadeias de ácidos graxos, tornando a membrana
altamente hidrofóbica.
Espaço intermembranoso : com muitos íons e outras moléculas.
Na matriz mitocondrial,
presença de grande quantidade de enzimas
que vão participar:
-Da produção de acetil-CoA;
-Do ciclo de Krebs;
-Da b-oxidação dos ácidos graxos (animais);
-Da síntese de proteínas, replicação de DNA e transcrição a RNA.
Inseridas na membrana interna da mitocôndria estão os complexos
proteicos que participam da cadeia transportadora de elétrons e as
partículas sintetizadoras de ATP.
Herança materna – apenas as mães transmitem suas mitocôndrias
para seus filhos (tanto meninos como meninas). Isso porque
apenas o DNA da cabeça do espermatozóide contribui para a
formação do zigoto.
Doenças mitocondriais
Generalidades
As doenças mitocondriais são doenças genéticas que afectam genes que são
expressos na mitocôndria;
As mitocôndrias possuem o seu próprio genótipo,
tendo várias moléculas de ADN
e dentro de cada molécula, múltiplas cópias do mesmo gene;
Só uma parte mínima dos componentes da mitocôndria é codificada por ela
própria, no entanto ela assume uma grande importância em processos metabólicos e na
produção de energia, daí que as doenças mitocondriais caracterizam-se essencialmente
por uma deficiente produção energética (ex: dos genes codificados pela mitocôndria, 13
codificam proteínas da cadeia respiratória; dos mil genes da mitocôndria, só 37 são
codificados por ela e se houver ausência desses 37 genes essa situação vai ser
incompatível com a vida);
As várias moléculas de ADN dentro da mitocôndria podem ser todas iguais –
Homoplasmia, ou haverem cópias mutadas de ADN mitocondrial e outras de ADN
mitocondrial normal – Heteroplasmia (é nesta situação que se podem desenvolver
células degenerativas, importantes, por exemplo, na formação de ovócitos);
Na formação de ovócitos a separação das mitocôndrias é feita ao acaso, podendo
surgir ovócitos com maior quantidade de mitocôndrias com ADN mutado – o feto vai
apresentar uma doença generalizada com fenótipo mais grave, ou ovócitos com menor
quantidade de mitocôndrias com menos ADN mutado e assim o feto surge com uma
doença mais restrita, a um ou outro tecido, e por isso, com fenótipo mais atenuado;
A genética mitocondrial é de herança exclusivamente materna, embora possa
afectar tanto o sexo masculino como sexo feminino;
Os diversos tecidos têm diferentes requerimentos energéticos- efeito limitante, ou
seja, há tecidos que precisam de muito mais energia do que outros. Desta forma, os
tecidos com menor necessidade energética e que possuam mutações a nível do ADN
mitocondrial, possam não apresentar sintomatologia; por outro lado as carências energéticas em tecidos como o cérebro e o sistema muscular vão ser mais graves, daí
que muitas das doenças mitocondriais sejam encaradas como encefalomiopatias.
Mutações e heteroplasmia
A mesma mutação mitocondrial pode surgir com diferentes manifestações,
associadas a patologias diferentes;
A patologia será tanto mais grave quanto maior for a heteroplasmia (maior a % de
ADN mitocondrial mutado). Assim temos para a mesma mutação (tRNA para a
leucina):
- 90 a 95% de mtADN mutado- Síndroma MELAS (conjunto de doenças muito
graves e altamente limitantes);
- menos de 50% mtADN mutado- Oftalmoplegia externa progressiva (doença
mais restrita, com fenótipo mais atenuado);
Por outro lado, mutações em genes diferentes e diferentes mutações podem
resultar na mesma doença. É o caso da atrofia óptica de Leber (degeneração do nervo
óptico), que pode ser provocada por mutações em genes diferentes ND1, ND4 ou ND6 e
no entanto o resultado final é o mesmo, ou seja, diminuição de rendimento energético
surgindo a mesma doença;
Síndroma de Leigh
Caracteriza-se por defeitos em proteínas integrantes dos complexos I e II da
cadeia respiratória;
O complexo II da cadeia respiratória é constituído por proteínas codificadas pelo
núcleo, e por isso uma doença mendeliana; por outro lado os defeitos a nível do
complexo I, cujas proteínas constituintes são de base quer nuclear, quer mitocondrial,
dão origem a uma doença de base mitocondrial. No seu conjunto são designadas por
Síndroma de Leigh.
Fonte http://users.med.up.pt/cc04-10/biopatteoricas/Aula8_MitocondriaisLisossomais.pdf